Após sua igreja ser incendiada, pastor perdoa autor
O pastor David Triggs lidera a igreja United Believers in Christ, na cidade de Saint Louis, Missouri. Durante seis anos eles se reuniram em um templo que foi vítima de um incêndio criminoso semana passada.
Pelo menos seis igrejas de negros, como a sua, foram queimadas na mesma região nas últimas semanas, mas a polícia não prendeu ninguém até agora.
Entrevistado pelo site Huffington Post, o pastor conta que correu para o local, quando soube o que estava acontecendo. Quando chegou, ficou observando os bombeiros tentando salvar sua igreja.
Foi quando “sentiu a presença de Deus”, conta. Afirma que a voz de Deus simplesmente lhe disse para perdoar, enquanto ele teve uma visão de Jesus na cruz. Lembrou então como Cristo estendeu perdão àqueles que o haviam perseguido.
“Antes que eu pudesse dizer uma só palavra para qualquer um, já havia decidido perdoar a pessoa que fez isso”, relata o pastor de 43 anos de idade. “Nós pregamos que a base do ministério de Jesus é o perdão… Não podemos ensinar algo aos domingos e não viver isso”, ressalta.
Segundo o líder da congregação, restaurar o templo vai custar mais de US$ 20.000, dinheiro que eles não possuem. Para Triggs isso não é o mais importante agora. “A justiça e o perdão estão intrinsecamente ligados”, explica. Diz esperar que o incendiário que atacou sua igreja seja levado à justiça. Mas sua experiência lhe ensinou que o tempo para o perdão é sempre “agora”.
“A vida é curta demais para guardar sentimentos ruins em relação aos outros”, assevera. Ressalta ainda que tem uma mensagem para a pessoa que praticou esse crime: “Nós o perdoamos e amamos muito”.
A atitude de Triggs não é um exemplo isolado. Dia 10 de outubro, a Igreja Batista Missionária de New Northside, no mesmo estado, foi vítima de um incêndio criminoso. O pastor Rodrick K. Burton afirmou que ele e os membros decidiram perdoar o autor e estavam fazendo uma “campanha de oração” por ele.
O assassinato de 9 pessoas no templo da Metodista Africana Emanuel em Charleston, Carolina do Sul, durante um culto gerou comoção nacional em junho. De maneira especial após os membros das famílias dos mortos decidirem perdoar publicamente o atirador, Dylann Roof.
A pastora presbiteriana Jacqueline J. Lewis, diretora do The Middle Project, que trabalha com igrejas negras, afirma que, para as pessoas atingidas por esses atos de violência, o perdão pode ser um “ato santo de poder”, que mostra “força, não fraqueza”. Ela chama o perdão um sinal de “tristeza profética”.
“A tristeza profética chora, suspira profundamente, e reconhece as suas feridas. Diz a verdade sobre o que é moral e justo. Também perdoa ofensas”, explica Lewis. “O perdão deixa a nossa carga mais leve, limpa nosso caminho para trabalharmos fervorosamente pela justiça”, finaliza.